quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Miró - realmente concordo que não se deve vender a colecção - não por 36 milhões de euros, mas sim por muito mais!! :)

Ou anda tudo de complicómetro ligado no que se refere a esta história, ou devo estar com pouca paciência para as notícias. Como parto do princípio que os queridos (e)leitores deste ministério sabem fazer contas e adoram a sua costela portuguesa, vamos restringir-nos aqui a alguns critérios: 


O lado prático das contas:
- o buraco de BPN atinge cerca de 5 mil milhões de euros;
- os portugueses continuam a pagar este buraco interminável através da injecção de capital sucessiva do Estado nas empresas tóxicas do BPN; 
- há 85 obras de J. Miró no acervo do BPN;
- intenção em leiloar a colecção - o valor destas obras de Miró destina-se a pagar 0.8 % da dívida

O lado poético da questão:
“Esta é uma das mais extensas e impressionantes ofertas do trabalho deste artista que alguma vez foi a leilão”. É assim que a Christie’s apresenta as 85 obras do artista espanhol J. Miró, representantes de sete décadas da sua obra.

Inicialmente na posse de um coleccionador privado, a colecção foi adquirida pela BPN a um empresário japonês em 2006. Terá custado 34 milhões. Agora, “está a ser vendida por decisão da República Portuguesa”, que ficou com as peças de arte com a nacionalização daquele banco. O encaixe mínimo esperado era de cerca de 36 milhões.

Segundo a nota de imprensa da Christie’s, para a elaboração destas obras foi utilizada “uma ampla gama de materiais e técnicas". Em causa estão, também, vários temas "desde a poesia e os sonhos à música e às estrelas, mulheres e pássaros”.  

PAUSA! 

- A colecção é muito valiosa e várias vozes defendem a sua permanência nos nossos museus - pagámos por ela 34 milhões em 2006 e agora querem vendê-la por 36?? Oh meus amigos, toca mas é a leiloar isso como deve ser!! 
- O Miró era espanhol... :)
- Se é para alienar a colecção, que o processo seja devidamente acautelado e assegurados os interesses nacionais.

Mais valias para museus à parte... claro que custa desfazer-nos de património e acredito que a cultura alimenta a alma. Mas quem não tem dinheiro não tem vícios e eu, em particular, contribuinte portuguesa, quero é que se pare de enterrar dinheiro com o BPN. Deixemo-nos de romantismos financeiros por causa do espanhol. 

Sugestão agridoce 1: usem a verba do leilão para apoiar mais as companhias de teatro portuguesas.  

Sugestão agridoce 2: abrir um casting aqui no ministério e fazemos todos umas poses fotográficas e artísticas, damos o nosso contributo ao país, cedendo a nossa imagem... uma beleza. 

Qual Miró!... 
Já me estou a imaginar numa moldura dourada com sorriso de Mona Lisa ali nas galerias do CCB :) 

Estado enterra mais 510 milhões no BPN
Christie's cancela leilão das 85 obras de Miró do ex-BPN

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